domingo, 11 de julho de 2010

Acordei e vi a luz incandescente lá fora.
Estava deitada no chão. O tapete ao lado da minha cama, nunca me parecera tao acolhedor.
Eu estava fraca.
Sentia-me a desfalecer. Quantas horas fiquei no mar da inconsciencia voluntária?
Nem eu sei...
Só depois ci a caixa que me podia ter sido mortal.
E tomei consciencia de como me autodestruo.
Tinha-me prometido que não o faria mais. Em vão.

Estava arranhada de me debater comigo própria.
A porta estava trancada e só depois os meus gemidos sufocados foram expelidos animalescamente.

Olhei de novo aquela caixa branca e depois em volta.
A cama desfeita, as prateleiras com pertences espalhados só aumentavam o meu terror, da triste realidade que é ''acordar''.
Qual o numero que ingerira?
- Elevado.
Levantei-me, olhei-me no espelho.
Que animal repudiante sou, pálida, desgrenhada, de mãos trémulas pelas convulsões dos soluços chorosos que me percorriam insistentemente.

Corri de novo para o quarto, escondi os meus ''sedativos de monstro'' e falei com ''amigos do peito'' (que amizades essas...bem eu me desfaço em choro que as respostas sao sempre as mesmas : '' lol's''; ''ok''; ''vai ficar tudo bem''; ''tem calma''...)

Não existe expressão que caracterize a dor da incompreensão.
Enxugo as lágrimas, penteio-me..
Desço as escadas lentamente e sorrio como que por obrigaçao, para que nao desconfiem do que me aconteçeu.. Com um nó no peito.

E asim fujo de mim própria, isolando-me e matando-me aos poucos, e volto a tomar mais um reconfortante calmante, enquanto dou murros maguando-me e acabando por cair de novo no tapete... na minha repetitiva inconsciência.


Gabriela Nogueira
TOTALMENTE AUTOBIOGRAFICO

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