domingo, 26 de dezembro de 2010

Noite de Natal






Noite de Natal...

Fria, escura.

Lá fora o vento ressoa pelos arvoredos e a chuva cai como uma música de inverno.

É tarde, muito tarde. Tarde demais...

A casa dorme, apenas iluminada pela luz ténue das chamas da lareira já quase extinta.

O papel de embrulho rasgado e colorido repousa, iluminado pelos pontinhos coloridos da Árvore de Natal.

Estou só. Nesta sala triste, apesar de natalícia ... e recordo.

Recordo os tempos que sorria... Vejo os meus avôs tão amados a sorrir para mim...

So queria poder segurar na mão deles de novo.

Mas é tarde demais... muito tarde.

O tempo... é uma doença sem solução.

Ouço apenas o crepitar das chamas, e sinto aquela agonia que se chama SAUDADE.

Ah lusitânia... só tu meu doce país, para ter palavras tao vivas e sem tradução em nenhuma outra língua...

SAUDADE...

e as lágrimas correm pela minha face abaixo...

É tarde... tarde demais.





Autobiografico.

Dedicado aos meus avôs.

Verídico.





Gabriela Nogueira

terça-feira, 13 de julho de 2010

A Água



Eu, simples mortal manchada de pecado, não sou digna do solo que piso.

A terra séca debaixo dos meus pés, o calor séca-me a pele, os meus lábios rompem-se e perco as forças.


Derrepente, mergulho sofregamente na água. As gotas molham o meu cabelo e o meu corpo. A água escorre por mim abaixo. Molha-me inteiramente, humedece-me os lábios e dá-me a vitalidade, a força, a alegria que tanto quero, que tanto aspiro.


Sorriu, feliz.


Na água sou livre, movimento-me com luz em volta de mim.

Sento-me na cascata e olho o vazio, sonhadora...

eu, e o meu coraçao, quebrado.


Só na água limpo o meu pecado.

Deito-me na cascata, atiro a água ao ar, toco-a, sinto-a envolvendo-me, como se me abraça-se.

A beleza escorre-me por todos os poros, sou eu e a cristalina água ue me lava a alma e me torna um anjo celestial.




Gabriela Nogueira

Cleópatra


AUTOBIOGRAFICO

A BELEZA



A beleza do mundo está num simples sorriso inocente, no olhar mais comovente, na flor mais singela, na ternura de um beijo apaixonado, no toque afortunado de duas mãos mútuas, no barulh da água a cair, na movimentação das aguas ao sabor do meu corpo.


A beleza é tudo aquilo que muitos não vêem, e tudo aquilo que todos os cegos querem ver.

A beleza está no sentimento bem intencionado.

Na partilha sem segundas intenções, na sinceridade sem devaneios.


Para mim a beleza, não se toca. Sente-se.



Gabriela Nogueira

Cleópatra


**Autobiografico**

domingo, 11 de julho de 2010

Eu queria...


Lágrimas. Só lágrimas.

Unica e exclusivamente lágrimas.

Não sei chorar de outro modo.

Depois torna-se banal. Vulgar...

E sorrir? sim!

O acto de puxar os cantos da boca para cima e arregalar os olhos...


Tudo tão igual...

queria saber chorar e saber sorrir de outra forma.. Ser diferente.

Talvez se fosse diferente, eu fosse mais apreciada... e quem sabe, um dia ''amada'', se o amor existir.


Ah... sonhos impossiveis.


Não passo de mais um aparato humano, uma coisa que supostamente pensa e raciocina, que come, dorme e se movimenta.



Gabriela Nogueira

Autobiografico
Acordei e vi a luz incandescente lá fora.
Estava deitada no chão. O tapete ao lado da minha cama, nunca me parecera tao acolhedor.
Eu estava fraca.
Sentia-me a desfalecer. Quantas horas fiquei no mar da inconsciencia voluntária?
Nem eu sei...
Só depois ci a caixa que me podia ter sido mortal.
E tomei consciencia de como me autodestruo.
Tinha-me prometido que não o faria mais. Em vão.

Estava arranhada de me debater comigo própria.
A porta estava trancada e só depois os meus gemidos sufocados foram expelidos animalescamente.

Olhei de novo aquela caixa branca e depois em volta.
A cama desfeita, as prateleiras com pertences espalhados só aumentavam o meu terror, da triste realidade que é ''acordar''.
Qual o numero que ingerira?
- Elevado.
Levantei-me, olhei-me no espelho.
Que animal repudiante sou, pálida, desgrenhada, de mãos trémulas pelas convulsões dos soluços chorosos que me percorriam insistentemente.

Corri de novo para o quarto, escondi os meus ''sedativos de monstro'' e falei com ''amigos do peito'' (que amizades essas...bem eu me desfaço em choro que as respostas sao sempre as mesmas : '' lol's''; ''ok''; ''vai ficar tudo bem''; ''tem calma''...)

Não existe expressão que caracterize a dor da incompreensão.
Enxugo as lágrimas, penteio-me..
Desço as escadas lentamente e sorrio como que por obrigaçao, para que nao desconfiem do que me aconteçeu.. Com um nó no peito.

E asim fujo de mim própria, isolando-me e matando-me aos poucos, e volto a tomar mais um reconfortante calmante, enquanto dou murros maguando-me e acabando por cair de novo no tapete... na minha repetitiva inconsciência.


Gabriela Nogueira
TOTALMENTE AUTOBIOGRAFICO

O papagaio de papel


O papagaio depapel, soltou-se da minha mão...

colorido...

brilhante...

subiu, sem direção...

embalado pelo vento, ao sabor de um sonho de criança, que espera ser realizado, e perdeu-se da minha vista.


Invejo aquele papagaio de papel colorido.

Tambem queria voar sem direção...ao sabor do vento, levado pela briza da saudade...

pelo sonho, pela alegria das cores ao vento.


Ser um sonho inanimado, sem vida, mas voador ... pelo horizonte...

sem horas...sem regras, sem convenções da sociedade, sem destino...


.........só eu... colorida... e o vento.



Gabriela Nogueira

- Cleópatra

Chuva interior



Hoje começou a chover.

O dia escureceu

Tal como a minha alma a arder...

E eu nao sei como isto aconteceu...


Seria a desilusão da vida?

Seria a tristeza da solidão?

A frieza de uma alma esquecida?

O choro de uma criança sem emoção?


Chove dentro e fora de mim...

São lágrimas de sangue sem fim...

Castelos de areia derrubados...

E sonhos de vida ... ACABADOS.


...Hoje começou a chuver... ...



Autobiografico

Gabriela Nogueira

Cleópatra